Autoprodução de energia elétrica é tendência no País
O número de empresas adeptas à autoprodução de energia elétrica no Brasil é cada vez maior. Os principais motivos que impulsionam essa iniciativa é o menor custo oferecido por fontes renováveis, como solar e eólica, e a preocupação com a sustentabilidade. Nos últimos anos, o custo da energia elétrica no mercado regulado no Brasil teve grandes aumentos devido a uma série de fatores, dentre eles, a forte dependência da matriz energética nacional pela fonte hídrica, que não consegue suprir toda a demanda de energia do país.
Por esse motivo, além da restrição para a construção de novos projetos hidrelétricos, a chegada do mercado livre de energia há 15 anos reduziu o fôlego das empresas pela autoprodução de energia. O Mercado Livre, que traz a possibilidade de negociação direta com os geradores ou comercializadores, foi uma alternativa para a compra mais barata da energia.
Hoje, as novas tecnologias têm atraído a autoprodução de energia. Segundo o Balanço Energético Nacional (BEN), há 249 agentes autoprodutores de energia, que juntos produziram 101,2 TWh em 2019. A Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape) reúne 8 GW de capacidade instalada, considerando apenas os seus associados. No entanto, recentemente o setor elétrico tem vivido uma nova onda de investimentos em autoprodução em grande e pequena escalas.
Na autoprodução, um consumidor investe na construção de uma usina, assumindo todos os riscos que envolvem projetos desse porte. A principal vantagem em realizar esse tipo de investimento é deixar de pagar encargos setoriais que oneram a tarifa de energia e fogem da gestão das empresas. Outra vantagem é que a energia não consumida pode ser vendida no mercado, gerando uma receita adicional fora do core business das empresas. Esse tipo de investimento foi muito comum no passado, mas em hidrelétricas.
Agora, com as renováveis, os geradores têm buscado vender cotas de usinas para os consumidores finais. A vantagem desse arranjo é que o gerador garante uma receita que justifica o investimento na construção de uma nova usina. Já o consumidor não arca mais com o risco e com o trabalho de administrar uma usina.
A energia solar, por exemplo, que é inesgotável, limpa e renovável, tem atraído grandes e pequenas empresas. Essa é uma das apostas da Ambev que tem como meta até 2025 consumir 100% da sua energia elétrica de fontes renováveis e reduzir em 25% as emissões de carbono em toda a sua cadeia de valor.
A energia solar e outros projetos eólicos vão suprir 65% da meta. Para o restante, a companhia firmou parceria com o fundo de investimento Casaforte para a construção de uma usina eólica de 80 MW na Bahia. O contrato de R$ 600 milhões vai permitir a compra de energia por 15 anos atendendo 100% das fábricas da Budweiser e 100% das unidades fabris do Nordeste.
A Ambev também anunciou a construção de 31 usinas solares de geração distribuída para abastecer cerca de 100 centros de distribuição pelo país. O contrato da cervejeira com quatro empresas será de 10 anos no valor de R$ 140 milhões. Cada uma investirá R$ 51 milhões nas 31 plantas.
A Brasken também avalia investimentos em fontes renováveis e já firmou um contrato de 20 anos com a francesa EDP no valor de R$ 400 milhões para a construção de uma usina eólica de 33 MW no Complexo Folha Larga, na Bahia.
Segundo o diretor de Energia da Brasken, a autoprodução torna a empresa mais competitiva, mas também há um maior risco já que a companhia assume a gestão do ativo.
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