No fim de setembro, a empresa Gocil Serviços de Vigilância Segurança Ltda e mais 12 empresas do grupo protocolaram numa das Varas de Falência e Recuperação Judicial da Justiça de São Paulo (capital) um pedido de recuperação judicial. O grupo alega dificuldade de caixa ou capital de giro, consequência de endividamento junto a bancos e a altas de juros como as principais razões para as dificuldades.

A recuperação judicial está prevista numa lei de 11.101 de 2005 (primeiro governo Lula) e permite, com a assistência da justiça, que empresas em dificuldade, busque  a designação de um administrador judicial temporário, a suspensão de bloqueios nas contas, a suspensão temporária de execução ou cobrança de parcelas de dividas, a apresentação a justiça de um plano de recuperação, entre outras medidas.

O plano de recuperação tem de passar pela aprovação dos credores, incluindo os trabalhadores, bancos, entre outros. Acontece que há planos onde a empresa propõe pagar somente parte dos direitos dos empregados (30%, 40%, 50%, etc). Imaginem o tamanho do prejuízo?

Daí a importância da ciência e acompanhamento por parte dos trabalhadores e o papel dos Sindicatos de unir, orientar e organizar a atuação da categoria.

Na petição ao juiz a Gocil alega que não possui bens ou patrimônio para garantir  suas dívidas.

A Gocil é mais uma empresa de segurança e vigilância a buscar a justiça para pedir recuperação judicial. Outros casos famosos e “duvidosos” de recuperação judicial no setor foram do Grupo Coral (Goiás) e da Sena Segurança (Pernambuco), com rastros de volumosos prejuízos para os trabalhadores. Duvidosos porque cheiraram a armação. No Nordeste inteiro ainda tem muito vigilante penando para receber algum direito da Sena Segurança a mais de 10 anos.

QUEM É A GOCIL E WASHINGTON CINEL

Na petição a Gocil relata que a Gocil foi fundada nos 1980 em Bauru/SP pelo policial militar  Washington Cinel, que em 1985, com “o imenso sucesso do negócio”, se instalou na capital. A exploração da mão de obra dos vigilantes sempre foi um excelente filão para ganhar dinheiro. Com o dinheiro da Vigilância o dono da Gocil passou a investir, anos mais tarde,  em fazendas e bois. Alega que necessitou investir muito dinheiro na aquisição mais recente de uma fazenda em Balsas, no Maranhão, tendo de recorrer a bancos, não suportando os juros elevados.

O Grupo Gocil diz possuir 20.000 (vinte mil) empregados em todo o país. Está sediado em São Paulo e com atuação em vários estados.

Do grupo, estão no processo de recuperação as empresas:

– Gocil Serviços de Vigilância e Segurança

– Gocil Eletrônica

– Gocil Nordeste Sistemas de Segurança Eletrônica

– Gocil Serviços Gerais

– Gocil Serviços Gerais Nordeste

– Washington Umberto Cinel (pessoa jurídica)

– Handz Participação S/A

– Vila Tabatinga Imóveis e Empreendimentos

– Elah Agrobusiness Agropecuária

– Maná Imóveis e Empreendimentos

– Nova Olinda SPE

– Brangus Brasil Agropecuária

– Agrocin Agropecuária.

Na área de segurança privada a Gocil possui contratos com bancos, shoppings, condomínios, industrias, governos, entre outros (os nomes listaremos em breve).

Washington Cinel, ex-policial militar que ficou rico explorando o trabalho de vigilantes e trabalhadores de limpeza, asseio e conservação organizou na sua  mansão em São Paulo um jantar com empresários paulistas em abril de 2021 (período da pandemia) para o então presidente Jair Bolsonaro,

O QUE FAZER

Com esta notícia os trabalhadores devem ficar alertas, verificar como andam seus direitos (depósitos de INSS, FGTS, férias, reciclagem vencida, etc.) e procurar seus Sindicatos.

Os Sindicatos reunirá a turma, orientará e organizará o acompanhamento do processo e da situação da empresa, buscando salvar a totalidade dos direitos dos trabalhadores.

Mas é bom repetir: recuperação judicial no setor de segurança privada cheira muito mal, seja porque seus donos sangram a empresa para investir em outros negócios (é o caso confessado pela Gocil) ou utilizado simplesmente para calotear trabalhador e outros credores.

Todo mundo ligado!

Jose Boaventura – Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Vigilantes (CNTV-CUT)

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