A mãe da menina, uma vendedora de 36 anos, afirmou que estava trabalhando em casa e desceu para entregar alguns documentos, deixando a filha dormindo no quarto. A menina de 6 anos teria caído da janela do apartamento do 7º andar, em São Paulo. “Instale telas em todos os cômodos, inclusive no banheiro”, reforça pediatra

 

A menina de 6 anos que caiu da janela do apartamento onde morava, por volta das 8h10 da manhã desta quinta-feira (26), em São Paulo, infelizmente não resistiu. O condomínio fica no bairro Raposo Tavares, na capital paulista. Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o óbito foi confirmado. De acordo com informações da Polícia Civil, quando os socorristas chegaram ao local, Eduarda ainda apresentava sinais vitais. O vigilante do condomínio contou que realizava a triagem de rotina quando a porteira do prédio alertou que havia caído uma criança do 7º andar. Ele e o zelador passaram a procurar pela menina e a encontraram no parapeito do 1º andar. O vigilante colocou uma escada e percebeu que ela ainda estava viva.

A mãe da menina, uma vendedora de 36 anos, afirmou que estava trabalhando em casa e desceu para entregar uns documentos, deixando a filha dormindo no quarto. Ela encontrou a empregada doméstica na portaria e avisou que a menina estava sozinha. Assim que chegou ao apartamento, a doméstica foi olhar a criança, mas ela não estava no quarto. Neste momento, foi até a lavanderia deixar a bolsa e ouviu a gritaria na parte de baixo do prédio. A suspeita é de que ela tenha caído desta janela, de uma altura de sete a dez metros. Eduarda foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgância (SAMU) ainda no local. “Ela foi encaminhada ao pronto-socorro com parada cardiorrespitatória”, informou a assessoria de imprensa dos Bombeiros, em São Paulo.

Ainda pela manhã, o Hospital Universitário da USP, onde a menina estava internada, informou que não tinha autorização para repassar informações sobre o estado de saúde da criança. No entanto, no início da tarde, a SSP confirmou a morte. No boletim de ocorrência consta apenas: “Óbito natureza morte suspeita”. Foi solicitada perícia para o local, exame necroscópico e carro de cadáver para a criança. O caso foi registrado e será investigado no 75º DP como morte suspeita e abandono de incapaz.

NEM POR UM MINUTO

Eduarda caiu de uma janela que, provavelmente, não tinha rede de proteção. Segundo a pediatra Silvia Guiguer Araujo de Carvalho C. Chaim, secretária do Departamento de Pediatria Legal da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), “os pais devem colocar telas em absolutamente todas as janelas, inclusive nos banheiros”. “Já vi casos de crianças que pularam a basculante. Os pais precisam estar prevenidos”, alertou. As redes também devem ser trocadas periodicamente, conforme orientações do fabricante.

A especialista ainda afirma que, com a pandemia e o fechamentos das escolas, muitas crianças e adolescentes passaram a ser deixados sozinhos em casa. “Sabemos que as escolas fecharam e os pais continuaram com suas obrigações. No entanto, abandono de incapaz é crime. A pena varia de seis meses a 3 anos de detenção. Lembrando que menos de 16 anos é considerado ‘absolutamente incapaz’, dos 16 aos 18, ‘incapaz’ e, acima de 18, já é considerado adulto”, esclareceu.

 

Segundo o pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria, crianças não devem ser deixadas sozinhas nem por um minuto. “Elas não têm autocontrole, não tem discernimento. Até os 8 ou 9 anos de idade, as crianças ainda estão em formação do lóbulo frontal, parte do cérebro responsável por controlar a impulsividade, então, ela estão constantemente desafiando o perigo. Elas não têm noção de perigo, por isso, nunca devem ficar sozinhas, nem por um instante”, afirmou.

Já em relação aos adolescentes, em casos extremos, uma saída, segundo a pediatra Silvia, é deixá-los sob a responsabilidade de vizinhos ou familiares. “Mas eles devem checar presencialmente e telefonar periodicamente para saber se está tudo bem. Os pais também devem deixar os filhos com um telefone para entrarem em contato em caso de urgência,  passar orientações importantes sobre o que eles podem ou não mexer dentro de casa, se podem abrir a porta para pessoas específicas e orientá-los para jamais sairem de casa com um irmão menor, principalmente para a piscina”, finalizou.

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