Porteiro tem que saber lidar com situações inusitadas e perigosas
Eles são a “porta de entrada” do prédio ou condomínio e responsáveis por tudo o que passa por lá. Muitos podem achar que o trabalho do porteiro é fácil, mas quem está ali diariamente sabe que pode se deparar facilmente com situações inusitadas e até perigosas. Além disso, lidar com tanta gente que passa pela portaria é complicado, e isso ainda pode tornar a rotina estressante.
“Nós não somos seguranças, mas também somos responsáveis por ela”, afirma Antônio Meireles, que atua na área há 16 anos. Antônio, que começou como porteiro e hoje é supervisor da portaria, acredita que para ser um bom profissional o mais importante é ser observador. “Se tem uma coisa que não pode faltar no que a gente faz é a atenção para evitar situações indesejadas”, diz.
Cláudio Reis trabalha como porteiro há seis anos e conta que já passou por momentos constrangedores. “Quando eu tinha sete meses no condomínio, fui abordado por policiais não fardados que queriam que eu assinasse um papel, que na verdade era uma intimação para um morador. Não me deram muitas informações e o papel não estava identificando a pessoa. Deu uma confusão e foi um susto para mim”, conta Cláudio.
O trabalho desses profissionais também acaba sendo dificultado muitas vezes pelo não cumprimento das normas de quem mora nos prédios. Uma das coisas que eles têm percebido é o fato de os moradores, nos condomínios que trabalham, serem em grande parte idosos, e, portanto, a forma de relacionamento com essas pessoas acaba sendo diferente.
O curso destinado aos porteiros oferecido pelo Secovi-BA abordou esse tema em sua última edição. “Tivemos conteúdos importantes sobre o assunto. O modo de tratar o idoso e a necessidade de ter mais calma com ele, porque às vezes ele só quer conversar, mas não entende que nós não podemos nos distrair”, comenta Antônio.
Algumas qualificações são importantes para trabalhar nessa área: em primeiro lugar ser educado, prestativo e paciente com os moradores, ter um bom relacionamento com todos e principalmente muita atenção no trabalho são as principais características que compõem um bom profissional de portaria.
Questão de segurança
Com todos os problemas de violência que acontecem na cidade, uma das maiores preocupações dos porteiros, sem dúvida, é como evitar assaltos e situações do tipo. Anderson Melo diz que fica atento a absolutamente tudo é essencial. “Graças a Deus, não passei por nenhuma situação dessas, mas as coisas acontecem em um piscar de olhos. Rendem você, entram no prédio, não podemos vacilar um minuto”, explica.
Antônio disse que já passou por uma tentativa de assalto e esse é um dos assuntos mais comentados entre os colegas. “Hoje em dia a gente tem que observar muito, e somos orientados, a qualquer movimentação estranha, logo acionar a polícia”, alerta.
Antônio, Cláudio e Anderson participaram da última turma do curso do Secovi-BA, Melhoria na Qualidade no Atendimento em Portaria. A coordenadora do curso, Dayane Ferraz, explica que a importância dele está justamente em oferecer conteúdos para atualizar e reciclar os porteiros. “A maioria deles está há muito tempo no mercado e não tem a oportunidade de participar de encontros como esse”, destaca.
Normalmente, o próprio condomínio inscreve os seus funcionários no curso, mas quem souber e quiser se inscrever individualmente pode procurar a instituição. O módulo tem duração de oito horas e eles acontecem sempre a cada três meses.