Síndico pode ter férias?
Antes de planejar o descanso é importante organizar tarefas e responsabilidades
Uma época do ano em que todos esperam com ansiedade para poder relaxar e esquecer a rotina, os meses de janeiro e fevereiro para muitos são sinônimo de férias.
E apesar de muitos moradores acreditarem que o síndico é alguém que trabalha 24 horas por dia à disposição do condomínio, este também pode se ausentar das funções, para alguns dias de descanso.
De acordo com Dirlei Magro, advogada da Plac Administração de Condomínios, não há previsão legal de férias ao síndico, por isso, para que ele possa tirar férias é importante se organizar de forma a efetuar as tarefas antecipadamente.
“É importante contar com o auxílio do conselho ou do subsíndico para as demais tarefas durante a ausência. Lembrando que isso deve ser de comum acordo entre as partes”, explica.
Antes de planejar as férias, é importante que o síndico programe em especial os pagamentos que devem ser efetuados durante sua ausência, pois somente ele tem esse poder.
“O ideal é deixar um telefone de contato e uma pessoa que possa substituí-lo.
E para que possa ter um descanso tranquilo é recomendável que não tenha nenhuma obra em andamento ou outras ocorrências excepcionais durante o período”, destaca Dirlei.
Segundo a advogada, normalmente o síndico é substituído pelo subsíndico, porém não havendo subsíndico será o conselho que o substituirá, lembrando que essa substituição é apenas nas tarefas do dia a dia, pois somente o representante legal do condomínio, ou seja, o sindico, poderá assinar cheques e outros documentos legais, como admissão de empregados, rescisões etc.
“Sempre deve ser observada a convenção do condomínio, que pode trazer outras determinações com relação ao assunto”, explica.
Remuneração
Com relação à remuneração no período de ausência, Dirlei explica que algumas convenções trazem a determinação de que seja passada ao substituto, quando a ausência for superior a dez dias, mas na lei não há menção sobre o assunto.
No caso dos síndicos profissionais deve ser cumprido o contrato ou o que for determinado em ata de eleição.
Não havendo cláusula sobre o assunto, não há direito a afastamento.
“O que temos visto é o síndico profissional se organizando para se afastar alguns dias sem prejuízo no andamento do trabalho, adiantando a assinatura de cheques e deixando algumas pessoas de sobreaviso”, descreve.
Em caso de emergência no período de ausência, a responsabilidade será do substituto se houver um ato formal de repasse do cargo, do contrário o síndico responderá pelo condomínio e poderá mais tarde, mediante provas, entrar com ação regressiva contra o responsável de fato.
Períodos curtos de ausência
Síndica do condomínio Garden Ville Residence, em São José, na Grande Florianópolis, Daniely Cardoso explica que não costuma tirar férias, mas caso haja a necessidade de se ausentar por algum período, é necessário informar o conselho e convocar uma assembleia para verificar o que pode ser feito.
“Nosso condomínio é grande e com uma boa demanda de atividades, por isso contamos com uma equipe de zeladores e administrativo que dão suporte se houver necessidade”, relata.
Zélia Kretzer de Souza Machado, síndica do Condomínio Saint Germain, no Kobrasol, em São José, também não costuma tirar férias.
“Nós síndicos não temos férias, pelo menos no nosso condomínio, pois o mandato é de um ano. Mas também já fui síndica em outro condomínio onde a gestão era de dois anos e não tive férias também”,explica.
Segundo Zélia, se precisa se ausentar por alguns dias, deixa com a recepção o número de telefone ou onde estará e fica atenta 24 horas, e se estiver por perto volta para resolver o problema.
“Comunico aos membros do conselho que estarei fora por determinados dias e peço ajuda para o caso de acontecer algo durante minha ausência. Quanto a cheques, deixo assinado com a administradora que já faz os pagamentos durante todo o ano e se acontecer algo extraordinário eles providenciam o pagamento”, descreve.